Primeiro a gente vive. Pouco primeiro. Depois a gente comenta a vida. Muito depois.







domingo, 20 de novembro de 2011

Absolutismo


Aparentemente
humana
Sente ante
o conto e a sonsa
aparência mente
Porque o incomodo
Intencionou
o aparentemente.
A chave que abre a chave
No qual se achava
Desconsiderada.
E a platéia ria
Do que não entendia
Vangloriavam-se.
Tudo isso sobre o véu
Aparência,
Dominando
Rainha do palco da voz dos gestos
Tudo, uma coisa
Um tornado
Misturando o reino
Que mente.
Mas ainda
Há resistência.
Aquela ignorância
Velha ao novo,
É só aparência.

O aparentemente


A chave-porta chave
A metalinguagem erro
Gramatical
Luz escura
Vento no litoral
Escolha obtusa
Sol opaco
Mascara musa
Astronauta sem nave
Palavra nua
Despida
Que trabalho me terá
De interpretá-la?
Que labuta poderia
Ser Encarcerada
Se o segredo
Fosse dado de graça.
(As palavras odeiam, mas...)
Não teria graça.
O preço da porta-bandeira
É, aparentemente,
A escolha perfeita.
Agora digas, se já sabes a tua
Realidade,
A tua verdade,
Apesar do receio
Jogue essa chave.
Isso é só
Aparência.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Nós

Eu vamos à luta
nós vou a labuta
me espera-te e
te apresso
ao encontro da luta
em que eles fomos.

O apreço me chama-te
de nós.
A pagar pelo sangue
que corre
ao alto preço.

Eu
querem me fazer de tolo.
Nada nestes tempos alcançam
o alto do meu devaneio
novo.
E aquilo que é novo
,caro eu,
encarcera e me estremece
o teu seio.

Tudo riso
o choro
mentira
riso até
eu voltarmos
verdade.

Cárcere poético

Mijaram na flor.
Por que não?
Defecaram na flor.
Por que não?

Comeram a flor.
Com que mão?
Misturaram-na
com espinhos.
Com que dom?

Silenciaram
seu cheiro.
com que som?

Soa ignorância
das mãos dos
imitadores
fajutos.
Doutrinadores
da liberdade
encarcerada em
velhice.

A flor perdeu
sua cor
e agora está
rimando em poemas
falidos.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

nonada


Se
Não
é mundo
não
é fim do mundo.
Não
É coisa velha
Não
É mais
Não
Mas
Tudo sim
Não
É quase certo
Não
É partida
Não
É aquilo que
Não
É aquilo.
É isto:

Sou


Eu sou
O que sôo
sou
O que suo
Sou
O que dôo
Sôo
O que fôdo
Dôo
O que sou
E o que sôo
Sou o que beijo.
O Que mastigo.
[Aquela carne
Ensangüentada
Da vida.]
Sou o que
Estou.
Não rimo
O suor da vida
Com o frescor
Daquilo que
Nem desejo.

O livro


Abro o livro
Leio
Releio
Ele é ainda maior que o verso e a métrica desproporcional.
Mas nunca será o mesmo.
Nem Demian, nem Sinclair,
Terão o mesmo cheiro de passarinho morto.
Apareceu na bolsa
O odor
O cheiro está impregnado
Na minha memória de devaneio.
A bolsa foi lavada
Joice já não mata passarinhos.
[Mata dragões]
Mas o livro
Ainda maltrata.
E o cheiro
vaga

A ditadura da alienação


O povo quando grita
Grita?
O chato quando fala
Fala?
O digno quando
Quando?
Aquilo que sai e
Emite o vestido novo
Novo?
A mudança sempre
Come
O começo
Começo?

A pergunta quando
Sai clicherizada
Nem esculpida
Nem censurada
Meio rebelde
Às vezes escapa
Às vezes domada
É ditada por dedos
Que gritam:
É a ditadura da
Alienação.
A pergunta
Não rima.
Nem razão.
Não combina.
Por que viver?

Porque
às vezes
dá choque
morrer.

O jogo e a Barata


GOL. Eles correram de volta. A tática. O jogo. A vaga não decidida deixava emocionante o empate entre os gigantes em terra de alheio. Alheia era Barata. Em pleno dois a dois, Ela atravessou a linha de escanteio. E o jogo jogado com bola rolando no estádio. Grandes fortes magros pesados leves feios bonitos. Pés. Eles tinham pés. Bastasse uma sensação de morte, todos se refugiariam no próprio medo. Ela não. O instinto era a travessia. Não era passagem de fases, mudanças de personalidade, opiniões, nem sequer ideologia. Era apenas travessia do campo com bola rolando e pés espalmados no (cai) chão da Barata. Barata vida, desprezo. Ali, esperando o estremecer do sistema nervoso. Avança. Os pés passam correm chocam. UH! Está no meio do alvoroço e malandra, espera. O garoto, que vê a barata Barata, grita: “-TOCA A BOLA!”. A dama, que teme a coisa, suspira: “-ai!”. Outros vêem, mas outros são outras visões e outras histórias. Treme. Continua. Os pés vêm. Continua, firme. O pé desvia. Erra. Toca. O chute a morte. O garoto vibra ”-GOL”. A moça lamenta-se. A Barata, que nem sorri nem chora, nem faz nem desfaz, nem vibra nem lamenta, nem ganha nem perde, nem classe nem creme, nem chupa nem come, é liberta desse mundo de competições. Choro. A velha grita: “NINGUÉM VIU A BARATA?”. Entendo a indignação da sábia. Barata também é gente. Ou não?