Primeiro a gente vive. Pouco primeiro. Depois a gente comenta a vida. Muito depois.







quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Outono

Foi-se o tempo que eu tinha
medo de água fria.
o tempo em que o escuro ardia,
que sofria com distúrbios.
Foi-se o tempo que eu tinha
medo do grito.
o tempo que ele oprimia,
que limitava o pulo do grilo.
Foi-se aquele belo tempo.
Aquele que eu tinha medo,
medo de gente grande,
medo de ruído ofegante,
medo de sussurros do vento,
da árvore em movimento,
medo do grotesco
do avivamento.
Aquele tempo do medo,
aquele de realidades utópicas,
entre fantasmas e discos voadores,
Ele se foi,
mas deixou suas dores,
suas flores.

é dos ouvidos atentos,
das narinas atentas,
dos olhos atentos
a tantos movimentos
que eu tenho medo.
que eu tinha risos.
que terei desprezo.
Hoje o medo
é de sonhar.
Medo de estar preso
dentro daquele obeso
vazio subnutrido sonho
de sucesso.
Tenho medo até
da sombra do beco.
Hoje os medos
não são mais os mesmos.
não são tão reais mas,
fico surpreso:
colhi no jardim suas dores
curei com lágrimas suas flores.

Agora o medo é de ser todo amor.

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