Primeiro a gente vive. Pouco primeiro. Depois a gente comenta a vida. Muito depois.







segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Quem procura nem sempre encontra

Se eu não me engano
Me enganam.
Se eu me distraio
me destroem.
E se eu me movo
me comovem.
Se eu retenho
me retalham.
Se eu me despido
se despedem.
E se eu erro
"me erram".

Se eu digo, frescor
eles dizem, Frescura.
Se eu digo denuncia
eles indagam,

sepulcro!

E se eu imploro paciência
eles gritam, AGORA!

Não há mais essência
e beleza na aurora.
Isso não é
gramática.
Isso é
realidade.
E se eu declamo

Amor

eles reclamam.

Que falta de
humor.
que falta de
ambiguidade.

Ice, hot

Arthur: Raimundo...

Joice: Seria uma rima e
não uma solução.


Arthur: Apenas mais um vagabundo,
um irmão
.

Joice: Viva Bandeira
Drummond

Lord,King

torto. Arthur,


Arthur: Rei sempre é
Rei.Mesmo morto.

Mesmo urubu.


Joice: Arthur e Joice.
Ice, hot.


Arthur: Sublimação
então?


Joice: Ok.

O nosso jogo é perigoso, combina.
Nós somos fogo e gasolina.(Roberta Sá)

Mela

Além do mais
além de tudo
no além do surdo
e mudo, está
o grito louco
escarrado e
mal propagado.
Além-mar, vire
a esquerda.
Da esquerda
pra direita,
além é mela.

Verdades

Ouça a melodia da chuva,
ouvirá a a paz.
Sinta o vento que jorra,
sentirá a voz
que toca essa joça.
Pule do sofá de susto
Quando o rato vier atormentar,
vibrará a vida.
Depois se acalme
acordará no açoite.
Eu também não entendo
esses mistérios da meia-noite.

Cara bamba.

E quem sabe, Arthur?

Quem sabe tudo muda
quem sabe a cura chega
quem sabe ela se aveche
e volte antes do amanhecer.
Quem sabe quando voce morrer,
quem sabe vai dizer:Desculpa,
eu não pude responder.

E quem sabe, Arthur?

Quem sabe que não sabe?
Quem sabe que come vento?
Quem sabe que ali dentro,
voce que sabe,
mesmo com os olhos ardendo
um dia deixou de confessar,
todos vamos apodrecer.

E quem sabe ?

Quem sabe um dia,era uma vez,
essas desculpas
quem sabe sirvam pra algo, Arthur.
Quem sabe a culpa é sua.
Quem sabe o sol, o mar, a lua,
são bons companheiros,
como uma manada de sabichões.

Quem sabe o olhar penetrante,
aquele, violento e ofegante,
o tapa, o som opressivo,[eufemismo]
Quem sabe vira bosta.
Quem sabe a cura é o
humor, Arthur.


O que se sabe é que é vida, Arthur, é vida.


O pingo de chuva
no rosto parece lágrima.
é mágoa e choro.
é lágrima.

Senti[n]do

Cérebro para mão:
dois pontos.
Olho para mão:
Amor.
Boca para olho:
discreto horror.
Nariz para boca:
Cheiro não tem cor.
cérebro para boca:
pare de rir.
Boca para cérebro:
é que eu adoro
humor negro.

[risos]

Devolução

A escrita morreu
quando a felicidade
veio.
Sou seu, escrita.
Quando o raio
me partiu ao meio,
o outro, aquele desvairado,
ele fugiu. [Não sei pra que veio.]
Mas eu, escrita, eu fiquei.

Falei: volta.

Transpirando ironia

O negócio foi que foi bom.
Mas negócio mal é sair com dom.
Minha casa é que tem sede,
mas aquele rio que enche o saco,
que bate a porta até que seque,
seque o caramba, ele ama os barcos.
Ele perturba com aquela larva cristalina.
é que não passou fome ainda.

Mas que fome desgraçada!

Mais que a fome e a míngua,
são os peixes e pães que chovem na calçada.
Por essa desgraça, sair é abuso da língua.
Quando para e minha cidade sai sorrindo,
adoro roubar gritos e comida amassada
cantar parabéns e rasgar a boca de dentes
com lã e seda a boca dos doentes.

Já disse que lá em casa tem um poço?
Ah, mas a água é muito limpa.
Lá também tem terra e fruta
mas é fértil que dá desgosto.
Tem a fossa que eu adoro.
Ah, o esgoto...

Mas vai passar. Vai chegar agosto,
quando chover canivetes e eu me banhar,
Ah, que sonho utópico,
que doçe sangrento gosto.
nem quero imaginar...

Vai ser o auge da assim feliz cidade.

De um reacionário para o espelho de um reacionário

és todo um tolo
adequado.
Briga e rola no lodo.
Une seus ideais
adaptados.
Fica e canta um canto
gregorianizado.
Esquece o pensador
lascado.
Cospe e louva
o louco cosmo.
Habita entre um povo
selecionado.
compra e doa ao rico
mendigo.
Se molha com os olhos
assustados.
chora rindo fingindo
"Estou seco".
A crítica do vampiro
engolindo a seco.
Sua mente em sinapse
tropeça na cerca.
Vive morrendo afogado.

Ainda assim pensa que
vence um povo,pouco
de loucos,preparado.

Batom sabor-de-vômito

Nos dias de quinta,
a água dá sede
o sol sopra frio
a mágoa sobe o rio
e te rende rente a parede.

Nos dias de quinta,
quente é o gelo
o machado é o beijo
o sorriso é o desejo
e bem vindo é desespero.

Nos dias de quinta,
não consigo dormir
não costumo mentir
não consisto em sair
e a voz...
cogita explodir.

Mas antes que eu minta
o dia de quinta
amanhã é nada
o tempo não para.
A fada maldita
morreu afogada.
E lá estou eu
de mala arrumada
pronto pra mais
quintas-feiras,
Avistar belas beiras
andar trilhos velhos,
falar baboseira.

E o mais que se dane.

é noite e a lua mágica
faz dia com magia,
florescente e fria.

No meio da rua,
no ponto cego
sobre a pedra macia,
aqui estou eu
pensando num dia de quinta
que mais parecia sexta,
cheio de curva e rimas,
segredos e entrelinhas,
sem sol
sem lua
sem sal
sem açúcar
sem tudo
sem nada
nem insosso
nem salgado
dia simples
gosto amargo.

Mas sabia que passaria,
Ah meu Deus era tudo que eu queria.
Sem mais disfarces e risos de auto ironia.
Não costumo findar tardes com alto teor de melancolia.

Soneto ABBA BAAB ABC ABC imperfeito octa nona insano

A perfeição nobre almejada
E o sacramento derrotado
morreram pobres de braços dados
de tempissite bem-mal curada.

Tem que ser belo e glorificado
o escarro da diagnosticada.
é de água a cura acionada
e é de trigo o peixe clonado.

essa boba entranha do nada
nem me tira o tédio, ah coitado.
esse gosto amargo amado em vão.

Vil entediantenalizada
insana usura do fracasso
Mas morreu. Alguma objeção?

Sou neto da imperfeição.

Voos sem acento

Ve-de vida
ve-de morte
e sede custa
esse é de sorte.
Ode, horror,
pode poder
do conde
conceder?

Se de sistema
alimenta-se
da fome,
então,
que espere
o doido
de doideras
que vive,
com a lingua
que diz:
é V de vida,
e com a vista
que insiste,
ve-de, é vida.

Aviva e viva
a vida de ver
a via do alto.

por voos.