Primeiro a gente vive. Pouco primeiro. Depois a gente comenta a vida. Muito depois.







sábado, 27 de agosto de 2011

A madeira, rio, sou eu.


O mar inspirou os grandes. O mar é grande. Não tenho mar. Não posso ser consolado pelo infinito, quando a angústia vier. Nada de infinidade nos poemas sem mar. Aquele vento seco, salgado e que parece ter a chave de Drummond, não passa por essas bandas. Banda menos doce? Não dependesse do mestre tupiniquim. Este aqui, logo ali. Mergulhado. O rio tem sido pra mim, mais que rio. O choro pode sair, mas longe porque aqui, rio. É doce. Deixa a (minha) vida doce. Não é endeusamento coisa nenhuma. É constatação. Agradecimento.
Antes, não sabia (ou acreditava ser isso grande bosta) como ver algo a mais em coisas inanimadas. O primeiro passo foi perceber que nada é inanimado. Tudo se move para o vento. E o vento movia o rio. O segundo passo não foi dado porque eu estava fixo, observando. Eu o olhava(e ainda olho), duvidoso. E o dia foi passando e se tornando um conto. O sol já estava iluminando a cara babada dos operários chineses. As pessoas (estavam de costas para o rio) iam embora. Eu o olhava(e ainda olho), duvidoso.
Percebi. (talvez tenha sido o vento, sussurrando no meu ouvido historietas e divagações). Eu sou o inanimado aqui. Preciso descobrir algo a mais em mim. O rio deve estar por baixo de suas águas esperando eu me mover, sussurrar. A madeira que passa sobre sua superfície ainda está mais perto de conhecer o rio. Ainda assim é, pra mim, o rio, o mar.

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