Primeiro a gente vive. Pouco primeiro. Depois a gente comenta a vida. Muito depois.







sábado, 3 de setembro de 2011

Rima podre


Só tem rima
quando a fome
reina
quando a mão
nos deixa
quando o palco
fecha
quando o barco
enche
quando o saco
estoura.

Só tem rima
quando o chato
beija
quanto mal esteja
manta impregnada
rima feia
mal propagada.
Aquilo que é humano
sem graça.
Aquela rima
frouxa
folgada
rima quando a vida
está solta
suja
desfigurada
sem aquele poste,
aquela escada.

E a mão ousa
levantar-se.
e a mão ousa
encher-se
de sangue.
E ela bate
no peito
do corpo
podre e soa
o enxofre
escarrando,
tentando amar:
"então o poema não precisa rimar."

Nenhum comentário:

Postar um comentário