Primeiro a gente vive. Pouco primeiro. Depois a gente comenta a vida. Muito depois.







segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O jogo e a Barata


GOL. Eles correram de volta. A tática. O jogo. A vaga não decidida deixava emocionante o empate entre os gigantes em terra de alheio. Alheia era Barata. Em pleno dois a dois, Ela atravessou a linha de escanteio. E o jogo jogado com bola rolando no estádio. Grandes fortes magros pesados leves feios bonitos. Pés. Eles tinham pés. Bastasse uma sensação de morte, todos se refugiariam no próprio medo. Ela não. O instinto era a travessia. Não era passagem de fases, mudanças de personalidade, opiniões, nem sequer ideologia. Era apenas travessia do campo com bola rolando e pés espalmados no (cai) chão da Barata. Barata vida, desprezo. Ali, esperando o estremecer do sistema nervoso. Avança. Os pés passam correm chocam. UH! Está no meio do alvoroço e malandra, espera. O garoto, que vê a barata Barata, grita: “-TOCA A BOLA!”. A dama, que teme a coisa, suspira: “-ai!”. Outros vêem, mas outros são outras visões e outras histórias. Treme. Continua. Os pés vêm. Continua, firme. O pé desvia. Erra. Toca. O chute a morte. O garoto vibra ”-GOL”. A moça lamenta-se. A Barata, que nem sorri nem chora, nem faz nem desfaz, nem vibra nem lamenta, nem ganha nem perde, nem classe nem creme, nem chupa nem come, é liberta desse mundo de competições. Choro. A velha grita: “NINGUÉM VIU A BARATA?”. Entendo a indignação da sábia. Barata também é gente. Ou não?

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